Catástrofe de 1898

"Quando a nossa gente do campo sorria em face do corrente ano agrícola, em um abrir de mão, vê-se em luta com a fome e com a desgraça"!
As colheitas foram por completo desbaratadas por um terrível temporal que se desencadeou sobre esta vila na tarde de ontem.
A chuva torrencial inundou e destruiu os campos, plantas e uma demorada e forte chuva de grandes pedras de saraiva veio a completar o tristíssimo quadro de destruição.
Por onde este terrível temporal passou levou tudo quanto na sua marcha destruidora encontrou.
É horrivelmente triste a vista dos nossos campos!... Tudo arrasado, destruído e perdido!
Os prejuízos são grandes, não só na agricultura, mas nas estradas, caminhos e habitações.
Não encontrei ainda o jornal com o resto da notícia, mas sei por aquilo que ouvi contar que neste dia treze de Junho, dia de Santo António, de 1898, uma grande tromba de água levou a Casa da Cruz e o caminho que era ladeado pelo ribeiro, por onde afluiu o maior volume de água.
No lugar da casa, outra foi construída. O caminho nunca foi restaurado e começou a ser usado outro, mais íngreme e com mais curvas, tal como ainda hoje se encontra pelo sítio que se chama «Ribeiro».
Pias é um lugar pequeno onde cada sítio tem o seu nome.
Começando de baixo para cima temos: a Ponte, o Ribeiro, a Azenha, o Relógio do Sol, o Campo, as Portas, o Olival Basto, o Outeiro. a Rua, o largo da Cruz, a Estrada Nova, o Cimo do lugar e ainda temos a Landeira, as Cavadas e o Senso.
Estes sítios também identificavam as pessoas: o Adelino da Ponte, a Albertina do Ribeiro,  a Silvina da Azenha, a Maria das Portas, a Augusta do Outeiro, a Cândida da Cruz, a Tereza das Cavadas, a Felisbela do Cimo do Lugar e a Arminda do Senso.
Sinfães, 14 de Junho de 1898"
Do «Comércio do Porto XLVI- Ano--- 141» (http://abelgoncalves.blogs.sapo.pt/lugar-das-pias-vii-2439)

Imagem meramente ilustrativa

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