Enterro do Ano Velho / Deixas

"Arregaçavam as mangas e começavam por criar o “Ano Velho” e o “Ano Novo” (bonecos feitos de palha de centeio) para as cerimónias fúnebres do ano velho, que era levado numa padiola.
Feitos os bonecos era tempo de preparar o “enterro”. Assim escolhido o padre, que com as suas vestes acompanhava toda a cerimónia fúnebre, os quatro homens que levavam a padiola com o ano velho e os restantes habitantes faziam o cortejo que tinha por hábito percorrer as ruas da aldeia.
Os participantes juntavam-se e davam o início do cortejo fúnebre, faziam-se acompanhar de tachos ou testos com o intuito de chamar à atenção daqueles que nessa noite estavam em família, sentados à lareira a comemorar a despedida do Ano Velho e a chegada do Ano Novo. Percorrido o lugar, o cortejo seguia até Cinfães onde era recebido por centenas de pessoas.
Era hábito o ano velho ser transportado na camioneta do Sr. Martinho onde também iam muitos dos que pretendiam acompanhar a cerimónia.
Na vila ninguém dormia antes que o enterro do Ano Velho chegasse. Este era o auge da noite. Percorridas a ruas da vila, aplaudidos por centenas de pessoas, era tempo de regressar a Pias.
Assim que chegassem dirigiam o cortejo à Capela do Outeiro (Sagrado Coração de Jesus), onde ambos eram depositados junto à porta, em seguida tocava-se o sino a rebate e aguardava-se o dia seguinte.
No dia de Ano Novo, no final da missa o grupo encarregava-se de transportar o ano velho até ao meio do lugar (terreiro de Pias) e o mesmo era queimado. No final da queima, era tradição os rapazes solteiros do lugar construírem “deixas” para as raparigas solteiras e vice-versa."




Comentários