Entrudo dos Compadres

Estava a comadre para nascer
Na Adega em Açoreira
Já as mulheres nos seguiam
Passaram mesmo à nossa beira

Nasceu junto às pipas
Na adega do Alfredo
Com uns copinhos à mistura
Saiu à rua sem qualquer medo

Feita a Comadre seguimos as mulheres
Mas a Alice estava à entrada
Depressa reparou em nós
E sem saber o que fazer acabou espantada

Para primeiro esconderijo
Na retrete foi parar
Mas as mulheres vieram atrás
Pouco tempo ficou a descansar

No meio das mulheres
Do esconderijo veio para o casaco
Voltou ao café
E só depois para o buraco

No dia a seguir
Tivemos muito que procurar
As mulheres tramaram-nos bem
Naquele sítio não conseguimos encontrar

Mais um dia passou
E as pagas tinhamos de dar
Encontramos o compadre
E acabamos a festejar

A reviravolta veio depressa
Mal podiamos esperar
Estavamos sentados no café
Já tinhamos mais para procurar

Mas a noite não terminou aqui
Quiseram voltar a jogar
Acabamos o dia com os dois
Amanhã vamos descansar

Está uma grande confusão
Já ninguém sabe o que se está a passar
Apareceram mais dois compadres
O que será que andam a tramar

A brincadeira começou pelo Angelo
Mas depressa se foi espalhar
Também os homens fiizeram das suas
Até uma escada tiveram de ir buscar

Antes da noite começar
A pega decidiram fazer
Montaram uma valente arena
Com touros a valer

Hoje foi dia de aguardar
Mas rapidamente nos deram que fazer
Encontraram a comadre
Demoramos para a voltar a ver

Ambos com muitas dúvidas
Uma ajuda tivemos de trocar
Disseram-nos o que era a linha
É nós onde deviam procurar

Por agora recuperamos a comadre
Que junto ao ribeiro ficou a dormir
Amanhã iremos procurar o compadre
Esperamos que não vá fugir

Hoje reunimo-nos no café
Para mais uma tourada
Já tinhamos os dois
Era mais uma noite encantada

Mas vieram mais mulheres
Com vontade de jogar
Puseram-se à espreita
E perto do 600 a Comadre foram encontrar

Não ficaram por aqui
Tinham de conseguir os dois
Rapidamente deram trabalho aos homens
Que tiveram de deixar os bois

A noite ia passando
E a comadre conseguimos recuperar
Quase levavamos um banho
Da Dn. Isaura que nos estava a vigiar

A noite começou bem
O compadre surgiu
Escondemo-lo no esgoto
E ninguém nos viu

Mal podiamos imaginar
Que tão rápido o encontravam
Estavamos nós no Café
Enquanto elas já o matavam.

Enforcaram o compadre
E pendoraram-no num muro
Lá o fomos salvar
Mas para o esconder foi um caminho duro

Quase a terminar a noite
Os dois tinham de procurar
Um pouco exaltadas pediram-nos ajuda
E a comadre foram buscar

A comadre original
Num saco ficou fechada
Foi uma semana de escuridão
Em casa do Alfredo estava guardada

No dia da corrida da comadre
Ninguém sabia de onde ia aparecer
Antes de subir as Pias foi ao Bestança
E só depois surgiu nas ruas para a poderem ver

Pela primeira vez saiu à rua
No carro do Alfredo
Foi ao encontro dos outros homens
À frente sem qualquer medo

Foi difícil chegar ao centro
Pois as mulheres não nos largavam
Demos voltas por ruas e campos
Assim não nos apanhavam

À chegada ao largo
Uma frota de mulheres nos espreitava
Olhamos e percebemos logo
Que dali não se salvava

Ainda durou bastante tempo
Mas já precisavamos de descansar
Corremos entre ruas, campos e carros
Mas na fogueira foi acabar

Uma tarde muito especial
Com as ruas repletas de alegria
Juntaram-se amigos, família e vizinhos
E toda a gente sorria

Para terminar o dia
Ainda tivemos muito para ver
Tourada, e o Jorge vestido de mulher
Para a festa ainda acabou por render

Mais uma semana longa
Estava prestes a começar
Escondemos a comadre
Muito fácil de encontrar

Várias voltas deram
Com pistas fáceis de perceber
Da chaminé para o tanque
Foi uma noite a valer

As noites ficaram bem frias
Mas não paramos de jogar
Parecia haver menos vontade
Mas acabava tudo a festejar

Procuramos a comadre no galinheiro
Mas não quis aparecer
Afinal estava mesmo lá
Na esquina foi-se esconder

Entretanto tinhamos escondido
O compadre bem por perto
Estava debaixo das telhas
Num local um pouco incerto

Para festejar a noite
Um spot acabamos por criar
Até direito a segurança tivemos
Foram minutos sempre a bombar

As mulheres apareceram
E connosco decidiram ficar
No palheiro havia luz e som
Foi uma festa para recordar

Os compadres nem se fala
No café foram acabar
Meteram-se na cerveja
E de camião foram viajar

Mais uma noite começava
Desta vez seria para bailar
Quiseram jogar de novo
E nem com mais mulheres foram ganhar

O Compadre e a Comadre
Uns remendos tiveram de levar
Já se começam a desfazer
O fim começam a anunciar

No dia de nova corrida
Os homens estavam preparados
Não sabiam de onde vinham as mulheres
Pelos camimhos andavam espalhados

Demoraram a aparecer
Mas vieram com garra
Os homens estiveram sempre por cima
Foi uma grande farra

O mais difícil estava para vir
Quando decidimos terminar
Para a queimar estava difícil
Na fogueira não conseguia ficar

Finalmente lá cederam
Com muito cansaço à mistura
As semanas dos compadres terminaram
Mas o Carnaval ainda dura

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